A experiência de Pentecostes

21/05/2012 15:30

Dom Antônio Muniz

 
20/05/2012 21h26

A experiência de Pentecostes

O Espírito de Pentecostes continua presente na vida da Igreja

Jornal O Semeador
 

No próximo domingo, 27 de maio, a Igreja celebrará a Solenidade de Pentecostes. Cinquenta dias após a Páscoa, os apóstolos reunidos com Maria, segundo nos narram o livro dos Atos dos Apóstolos, têm a inefável experiência do Espírito Santo que, de modo maravilhoso lhes dá a força vivificante, tornando-os corajosos, aptos para enfrentar as adversidades do mundo pagão e, sustentados pelo poder do mesmo Espírito, abrem as portas da Igreja para a missão.
Anunciar e testemunhar Jesus Cristo vivo e Ressuscitado tornar-se-á o grande desafio para aqueles homens e mulheres impelidos pela Graça do Espírito: não mais têm medo, não se deixam intimidar nem se acovardar frente ao desafio de ser cristão, num mundo adverso à mensagem do Reino. Eles confiaram, inteiramente, na Palavra do Senhor: “no mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Assim, impelidos pelo Espírito, eles se colocam como pedras vivas na construção da Igreja de Cristo.
O mesmo Espírito de Pentecostes continua presente, hoje, na vida da Igreja, sendo a força a lhe dar alento para permanecer fiel à missão confiada pelo Ressuscitado: anunciar o Evangelho a todos, em especial, aos pobres, pois continuam sendo os preferidos no Reino de Deus. O Espírito de Pentecostes que recebemos como vida no nosso batismo e como força missionária na nossa Crisma leva-nos ao compromisso com os pobres e excluídos de todos os tempos, pois do contrário não seríamos a Igreja de Cristo.
O compromisso missionário nos leva a abraçar a causa dos pequeninos e indefesos, como bem sabemos serem tantos, em nossos dias. Como não se sensibilizar com os sofrimentos dos vitimados pela violência física, psicológica e moral, em nossas sociedades, ao insistirem em dar as costas a Deus, indiferentes à miséria que desumaniza o ser humano? Quanta tristeza para o verdadeiro cristão ao ver seus irmãos entregues à própria sorte, indefesos, tendo o seu direito de ser gente, negado, sobretudo, pelo descaso dos poderes públicos, completamente alheios a esses, a quem deveriam proteger, proporcionando-lhes um mínimo de segurança e bem-estar que lhes garantissem, pelo menos, o direito de ser gente.
O desafio da fidelidade à missão torna-se um imperativo! Não podemos fechar os olhos e fingir que não vemos jovens drogados, adolescentes grávidas e prostituídas, crianças pobres nas ruas e sem escolas, moradores de rua sendo covardemente assassinados, enquanto a prioridade daqueles que deveriam cuidar desses infelizes é aprovar casamento gay, distribuir cartilhas às crianças, nas escolas, incentivando-as à promiscuidade sexual. Quanta omissão e desinteresse pelos pobres, principais vítimas desse modelo de sociedade sem Deus!
O Espírito dado aos Apóstolos continua presente na vida da Igreja, em cada um que compõe esse edifício espiritual. Na Carta aos Romanos São Paulo nos diz: “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12,2). A ação do Espírito renova! Por isso, fortalecidos pelo Espírito de Pentecostes, o Espírito de Jesus, não nos conformemos e, muito menos, sejamos coniventes e omissos frente à violência, a exploração e exclusão do pobre. Mas, na força transformadora do Espírito, sejamos verdadeiros missionários na fidelidade a Cristo e à sua Igreja.
Não esqueçamos a palavra do Apóstolo: “não entristeçais o Espírito Santo de Deus, pelo qual fostes selados para o dia da redenção” (Ef. 4,30). Deixemo-nos conduzir pelo Espírito, e possamos falar a língua da inclusão, da verdade, da justiça, da paz e do bem.
Façamos a experiência de Pentecostes que une a todos num só coração.